Lviv, o
Paris ucraniano
A cidade
possui 2500 pontos arquitetónicos de interesse, 32 museus, 12 teatros, cerca de
2500 imagens de leões, 25 mosteiros e 6 igrejas católicas em funcionamento. A
cidade é dominada pelo monte Vysokiy Zamok (Fortaleza Alta) de 413 metros de
altura (da própria fortaleza só ficou de pé uma parede). A monte também possui
a torre de televisão regional, TV Veja (Torre), que tem 198 metros de altura.
No topo superior da torre é montada a plataforma de observação, coroada com a
bandeira ucraniana. Desde o ano 755 o poder na cidade mudou de mãos cerca de 10
vezes. Falando só do século XX: após o fim da I G.M., e do desaparecimento do
Império Austro-Húngaro, Lviv se tornou a capital da República Popular da
Ucrânia Ocidental (ZUNR), em 1919 a cidade foi ocupada pela 2ª República Polaca, em 1939 pela
URSS, em 1941 pela Alemanha Nazi e em 1944 novamente pela URSS.
Cândida na Praça Rynok |
Mais de 100
filmes soviéticos foram filmados em Lviv, principalmente quando era necessário
filmar a “França”, pois a cidade sempre teve um look ocidental, que só podia
ser filmado aqui ou então nas repúblicas do Báltico.
Campa do Ivan Frankó |
Uma das
atrações turísticas da cidade é o cemitério Lychakivske, que recebeu as
primeiras campas em 1675, hoje ocupa cerca de 42 hectares e abriga cerca de
300.000 campas. Várias campas dos Atiradores de Sich (a unidade ucraniana do
exército austro-húngaro) foram destruídas nos anos 1970 pelas autoridades
soviéticas, sendo renovadas recentemente. Alem disso, o cemitério se
transformou na última casa dos vários ucranianos famosos, entre eles o poeta
Ivan Frankó, possuindo hoje uma ala para os heróis da Ucrânia, as
personalidades que dedicaram a sua vida à Independência da Ucrânia. Para entrar
no cemitério é preciso pagar 10 UAH (1,2 USD), os estudantes pagam metade, por
isso usufrui de minha qualidade do estudante eterno…
Conversas no
comboio Kolomyia – Lviv
A sair dos
Cárpatos em direção de Lviv, estávamos no comportamento – dormitório com um
grupo das turistas da província de Donetsk e Dnipropetrovsk (duas senhoras com
filhas, ambas divorciadas ou então separadas). As duas adoraram a Ucrânia
Ocidental: “Vocês têm tradições, vocês têm aquele maravilhoso banash *, nós
perdemos a língua, nós perdemos as tradições, isso dói. Os políticos são uma
porcaria, nós os elegemos, pois acreditávamos que será para melhor, mas melhor
não aconteceu. Eu adoro a língua, mas não a domino, penso em russo, mas quero
muito, para isso ensino a filha”.
* Banash é uma papa maravilhosa feita de farinha de milho, cozida com a nata. |
Além de
lamentar a sua perca das tradições ucranianas, as senhoras também gostavam de
falar sobre as colegas, mesmo na presença das filhas (uma com 5 e outra com uns
9 anos): “mas ele é assim, e ela é assada, sabe, mãe da Aline tem vários
namorados, agora esta nessa onda”.
No vagão –
dormitório entra um rapaz: “Hrystos sia rozhdaye!” (Cristo está a nascer!)
Eu e o nosso
amigo Urij Atamanuk:
“Slavimo yoho!” (Glorificamos Ele!)
As senhoras:
“Como? Que?! O que, como e quando deve ser dito? E o que significa? Pois nos
perdemos tudo…”
Conversas no
comboio Lviv – Kyiv
Vizinhos no
compartimento – dormitório ao lado são um grupo dos alferes da guarda –
fronteira da Ucrânia. Se comunicam em russo com imensos palavrões, os mais
usados são “put@” e “f0der”. Depois entram na Internet móvel, onde leiam
anedotas picantes em meia – voz, cantarolam, se metem com as hospedeiras (duas
jovens bonitas e simpáticas): “Temos um conhaque da Transcarpátia”. Elas: “Nos
não bebemos”; eles: “mas podem nós fazer a companhia”.
A TV
ucraniana
O canal
televisivo ucraniano, TRK Ukrayina mostra a série russa “Isaev. A Juventude do
Stierlitz” (espião soviético popular na URSS): Anos 1920. Sibéria. Os
“vermelhos” prendem três oficiais monárquicos: jovens, bonitos, bem-parecidos e
nobres mesmo na hora da morte. O comandante comunista é um ucraniano
caricaturado: de apelido ridículo, bruto e vil com os prisioneiros, de estatura
baixa e de linguagem mal articulada. Afinal, um dos oficiais (que escapam no
final) era o espião soviético Isaev. Lenine tinha toda a razão quando dizia que
o democrata russo acaba onde começa a questão ucraniana. Mas não percebo porque
as televisões ucranianas alinham nisso…
Hora da
saída
No penúltimo dia na Ucrânia, dei uma pequena palestra sobre as perspectivas do turismo ucraniano em Moçambique, na Suazilândia e na África do Sul, o evento teve o lugar nas instalações da agência noticiosa UNIAN, onde trabalhei nos anos 1990.
Um amigo, o
diplomata ucraniano que vários anos trabalhou no Brasil, Yuliy Tatarchenko, nos
levou ao aeroporto. Temperatura -16°C
não deixava muitas saudades. Rapidamente passamos pelo controlo, incluindo
pelos famosos scâneres, pressuponho que iguais aos usados nos aeroportos
americanos. Tivemos que tirar as botas, para isso recebemos uns sacos azuis que
deveriam ser calçados. No controlo de passaportes, chegamos juntos, não sabia
se oficial iria levantar as objeções do tipo: “uma pessoa de cada vez”. Mas
pelos vistos nas vésperas do Euro-2012 eles receberam as orientações de serem
simpáticos.
Ao nosso
lado estava embarcar uma equipa ucraniana de futebol, pelos vistos não a das
mais importantes, pois não tinha avião próprio. Mais de metade de jogadores
estava na fila dos possuidores do passaporte do “cidadão estrangeiro”, assim se
internacionaliza o futebol ucraniano, diminuindo ao mesmo tempo, a
oportunidades de singrar aos jovens ucranianos.
A praticamente
única loja de Duty Free é muito pobre, embora se calhar corresponde aos desejos
e gostos do “povão”: muito álcool, os souvenirs ucranianos muito pobres, com
aparência de serem feitos na China, descaracterizadas e de preços médios. Em
2005 comprei no aeroporto vários ovos pintados (pysankas), uma pequena e bonita
lapela em forma de tryzub, nada disso estava disponível desta vez.
UIA vs
Etihad
Linhas
Internacionais da Ucrânia (UIA), que asseguram a nossa viagem entre Kyiv e
Abu-Dabi, apesar de voo ser de 4h30 não tinham nenhuma escolha na comida, a sua
salada parecia fresca só por cima, por baixo era uma alface rasca. Pedi água
com gás e só recebi um copo de água sem gás, depois de ir e levanta-la pessoalmente.
No voo da Etihad a água era oferecida aos passageiros durante toda a noite.
Os pilotos
da Etihad quando anunciam o destino dizem Inshallah, Se Deus Quiser. Os da UIA não dizem nada, nem se percebe que é uma companhia ucraniana. Boeing da UIA não
tem sistema do entretenimento, a tripulação não anuncia as cidades e países por
cima das quais passamos, algo que não custa absolutamente nada a fazer. Já o
Etihad tem um ótimo sistema de entretenimento, entre dezembro de 2011 e janeiro
de 2012 eles mudaram a sua coleção de filmes quase por completo. Gostei da fita
francesa “La Proie” (The Prey), que conta a história de um ladrão de bancos que luta
contra o assassino de série.
O pessoal da
Etihad mostra constantemente a sua boa disposição, os da UIA nem por isso,
quase temos lhes pedir pelo serviço.
Aeroporto
O.R. Thambo Internacional (Joanesburgo)
As
lojas não funcionam 24/24 horas e não se abrem muito cedo. A Internet gratuita só funciona nos
cafés. As lojas e serviços têm problemas de troco se pagarmos em USD ou Euros.
Na área do check-in de trânsito não há nada para comer, nem para beber. É
possível passar para a área de desembarque para comprar água, mas ao voltar, os
funcionários tentaram impedir de levá-la. Teve que os explicar que acabei de
comprá-la, assim me deixaram em paz.
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