sexta-feira, 4 de maio de 2012

Ucrânia no ano do dragão IV


Hoverla / foto@ Urij Atamanuk

Vila de Verkhovyna
Vê-se que a vila vive um boom económico, são abertas várias lojas no novo centro comercial, estavam a decorrer as obras de ampliação do mercado municipal. Vários palacetes são erguidos na vila, assim como as casas novas nos arredores. Vimos uma quantidade enorme de minibuses e vans com as matrículas britânicas, francesas ou suecas. Engraçado, mas na região as vacas no inverno passam todo o dia ao ar livre, no coral ficam apenas para dormir. As vacas e os cavalos têm as mãos relativamente mais curtas, em relação aos animais que vivem no resto da Ucrânia. Isso ajuda-os a andar na neve.
Em Verkhovyna ficamos hospedados na casa do Sr. Vasyl Fordil (00 38 0984611126 e 00 380 343221850), um patriótico ucraniano de origem judaica, que transformou a sua casa em casa de hóspedes. Geralmente ele cobra 170 UAH (21 USD) por dia por hóspede, dado que viemos acompanhados por nosso amigo Urij Atamanuk, Sr. Vasyl cobrou 100 UAH. O preço inclui a cama e duas refeições caseiras (nós comíamos três), o primeiro e segundo prato, saladas, queijos, salgadinhos, a sobremesa, compota ou chá, no almoço e no jantar eramos servidos de aguardente caseira. Francamente, eu não conseguia comer tudo que era oferecido, já Cândida adorava a comida ucraniana. No fim da visita, ainda recebemos várias ofertas da casa: queijo fresco, um frasco de conserva de cogumelos caseiros, chá de Cárpatos e até as maças.
Os restantes serviços são pagos como extras (táxi, banhos), Sr. Vasyl conhece tudo e todos, e mais importante, possui os telemóveis de toda a gente. Para nós ele arranjou os passeios de cavalo, primeiro cavalguei depressa, depois aprendi manejar o cavalo (dizer “tprrrr” para o parar e “wyo” para avançar), fiz umas voltas, Cândida andou mais, também gostou, pagamos ao dono 100 UAH, ele ainda nós ofereceu as duas ferraduras “para ter sorte” e explicou que devem ser penduradas com os “corninhos” para cima.
na casa do Sr. Vasyl
Sr. Vasyl ficou visivelmente contente pelo nosso contentamento das cavalgaduras, acabando por preferir uma frase interessante: “Como disse o rebe, ajudei naquilo que pude”… Ele também disse que estaria contente por receber os turistas de todo o lado, com muito gosto receberá os ucraniano – brasileiros. Só pediu o favor de ter alguém que fala ucraniano, o único problema do Sr. Vasyl são as línguas, ele só consegue arranhar um bocado o inglês.
A própria vila possui dois museus: museu da região, que tudo indica é uma espécie do museu etnográfico e o museu privado dos instrumentos musicais. Ponderando entre várias possibilidades optamos por visitar a montanha mais alta da Ucrânia, a Hoverla.
A Hoverla é a montanha mais alta da Ucrânia, tem 2061 metros de altura. Lembro que um dos primeiros romances que li em ucraniano era o “Corsário de Estrelas”, de Oles Berdnyk. Romance começa com a descolagem de uma nave espacial do cosmódromo da Hoverla. Seria escusado de dizer, que a “fantasia ucraniana” não deixou contentes os censores soviéticos, ainda com tanto cosmódromo disponível em Baikonur…
Numa distância de 12 km até a montanha, o caminho é fechado pela cancela do posto de controlo. O turista paga 20 UAH e só pode entrar entre 9h00 e 16h00. O caminho de ida e volta demora pelo menos 5 – 6 horas, de andar treinado. A zona é um parque natural que abriga cerca 450 tipos de plantas, além disso vivem lá os linces, veados, cabras de mato, javalis e raposas.
Subir na montana no inverno é perigoso por causa das avalanches. Por isso no posto do controlo os turistas são obrigados assinar uma declaração, comprometendo-se à não arriscar a subida. Como alternativa mais fácil e menos arriscada fica-se pela Travessia de Kryvopilskiy, de “apenas” 1013 metros.
Ao lado do posto do controlo fica o hotel “Desyatka” (Dezena), chamado assim por causa da distância até um certo ponto na subida da montanha. O quarto custa 299 UAH para duas pessoas, pequeno almoça incluído (00 38 0671541010 e 00 38 0672402727). No restaurante ao lado tomamos uns drinques, ouvindo uma música descaracterizada e umas conversas do tipo: “No Egipto agora é possível mergulhar”.
Nem vi a Hoverla, o céu estava carregado de nuvens, apenas sabia a direção onde é que a montanha aparece no seu esplendor quando o tempo favorece. Fizemos a distância de cerca 75 – 80 km (ida e volta), usando as boleias e o transporte público, uma ou duas vezes os motoristas se recusaram a levar qualquer dinheiro.
Tattoo em Lviv
Cândida já muito tempo queria fazer uma tatuagem e eu já estava planear a aproveitar a nossa estadia em Lviv para faze-la em um salão que conheci em 2005. Achei o salão facilmente, fica num escritório pequeno por trás da Ópera de Lviv. A gerência mudou, os artistas mudaram, mas o local continua inspirar a minha confiança pela limpeza e até pela boa disposição dos seus funcionários. E até os preços não mudaram quase nada.
O artista que fiz a tatuagem da Cândida se chama Ihor Korol, o desenho artístico é da sua esposa, Yuliya Korol (na foto em baixo), baseado no meu esboço horroroso e infantil. O casal tem uma filha de 1,5 ano que já tenta desenhar, usando as tintas de óleo.
Todas as ferramentas do mestre são protegidas pelo involucro plástico (frasco de álcool, tinteiros, máquina de tatuar, etc.), o artista usa as luvas. O serviço oferece a maior privacidade, o trabalho é feito em pequeno gabinete separado do resto do escritório. O acompanhante pode tranquilamente beber chá (salão possui uma coleção de vários sabores) ou café, tirar as fotografias, conversar com o mestre.
Foto@freakportal.com/pt
Como qualquer negócio, a vida dos tatuadores não é nada fácil. Ihor conta que encomendou as tintas, agulhas, outro material em Londres (qualidade britânica continua no topo), mas a carga está retida nas alfândegas por mais de uma semana. Ihor conta que prefere a máquina alemã, diz que chinesas são mais baratas, mas sem nenhuma garantia de durabilidade, segurança ou proteção à saúde. Ele é um dos organizadores do festival “Lviv Tatoo Fest”, para participar o artista tem que ter pelo menos 200 trabalhos, mas isso compensa, pois no decorrer do festival é normal ver as pessoas a assinarem os contratos para legalmente trabalhar na Alemanha ou Polónia. Na Ucrânia existe uma Associação de Tattoo e Piercing, com os escritórios em Kyiv e Kharkiv, eles tem o direito de certificar a qualidade dos seus associados.
Cândida que até quase adormeceu no decorrer do trabalho, ficou muito contente com o resultado, no fim pagamos, creio que 500 ou 600 UAH, lembro que o valor ultrapassava ligeiramente os 50 USD.  
continua… 

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