sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

O futuro do Ianukovich



http://yanukovychleaks.org
A opinião publicada no semanârio moçambicano “Savana”, № 1051, página 18, “Opinião”, de 28 de fevereiro de 2014.

por: Dmytro Yatsyuk, jornalista e blogueiro

Pensando e refletindo sobre o seu futuro, e após a incapacidade óbvia de granjear os apoios almejados à ideia do separatismo regional, Yanukovych deveria escolher um julgamento justo e transparente em Haia. 

No entanto, a recente história dos diversos ditadores mostra exatamente o contrário, em vez de escolher uma vida digna na cadeia europeia liberal e bastante confortável, constantemente escolhem a morte dolorosa e nada bonita na forca, na sarjeta ou, então, são colhidos pelo pelotão dos pará-quedistas voluntários...

Ex-presidente Yanukovych, que combina o analfabetismo funcional com um fortíssimo instinto de sobrevivência, opta por um caminho misto. Foge da capital, nas mãos da Revolução, mas não apressa-se em se entrega à justiça.

Na tarde do dia 21 de fevereiro, um dos comandantes intermédios da Maydan, o centenário Volodymyr, subiu ao palco principal e fez uma declaração simples. Ou Yanukovych se demita até 10h00 do dia 22 ou a resistência anunciará a sua busca e captura, com o uso das armas de fogo legais.

Yanukovych entendeu a mensagem perfeitamente bem, pois na mesma noite desapareceu da capital, deixando às pressas a sua luxuosa residência em Mezhgirya, repleta de avestruzes, javalis, sanitas de ouro e até o jardim zoológico privado.

Para onde se dirigiu o ex-presidente é um grande enigma. Conjugou-se desde Fujairah nos Emirados Árabes Unidos até o congresso separatista em Kharkiv. No entanto, nas palavras do próprio ex-presidente, ele “queria participar no congresso /.../ mas aconteceu que não podia ir, /.../ não podia perder tempo, porque /.../ tinha que estar sempre em comunicação.

No entanto, a Pravda Ucraniana escreve que o Serviço Estatal de guarda-fronteira não deixou o charter com Yanukovych ao bordo de descolar da cidade de Donetsk. Essa tentativa, alegadamente, teve lugar neste sábado, mas dado que o voo não preencheu a documentação necessária, foi barrado pela guarda-fronteira, informou o assessor do chefe do Serviço, Serhiy Astakhov.

Segundo a mesma informação, um grupo de guardas armados tentou subornar os oficiais, na tentativa de “comprar” a saída não autorizada, mas estes recusaram a oferta. Desconseguindo a sua pretensão, Yanukovych abandonou o charter, entrou num dos dois carros blindados e abandonou o recinto do aeroporto.   

Não se sabe para onde se dirigia Yanukovych, dado que o charter não submeteu às autoridades aeroportuárias nenhuma carta de voo. O mesmo serviço informa que Yanukovych não foi detetado em nenhum outro posto da fronteira ucraniana.

Se calhar, chegou a hora certa de Yanukovych seguir o conselho dado lhe pelos moradores da cidade de Cherkassy: “Lembre-se de Mussolini e Ceauşescu”...

Sem comentários:

Enviar um comentário