sexta-feira, 3 de junho de 2011

A nossa Lua-de-Mel na Inhaca

O Barco de Vodacom para ao largo e os passageiros são obrigados a passar para uma embarcação menor. Mas esta também não chega à costa e os passageiros saem do barco usando um banquinho de alumínio e devem ir a pé até a praia. Para ajudar a carregar as malas aparecem os jovens, no fim eles pedem 100 MT por pessoa, oferecemos 50 MT.

Logo na praia aparecem os fiscais da UEM com o seu fardamento verde – azeitona, eles cobram a taxa ambiental: 200 MT por cada estrangeiro, 100 MT por cidadão nacional. O régulo da Inhaca, Sr. Nhaca, que tem 97 (?) anos, 1 esposa e 5 filhos recebe do Governo o salário de 400 MT por mês, ou seja o preço da taxa ambiental cobrado aos dois turistas estrangeiros. Naquele domingo, dia 15 de Maio, o nosso barco trouxe até a Inhaca 10 pessoas, mais de metade eram turistas estrangeiros... Já para não esquecer o facto do que os barcos que atracam na ilha também pagam as taxas, assim como os pesquisadores estrangeiros que pagam a taxa única de 12.000,00 MT por cada pesquisa.

A ilha não possui nenhuma bomba de combustível, mas lá circulam cerca de 20 carros, incluindo dois tractores, por isso todo o combustível é trazido do continente em bidões.

A praia do farol agora está vedada aos carros, para chegar lá o transporte do hotel cobra 45 USD por pessoa. Gosto de faróis por isso tínhamos que subir a colina que tem, salvo seja, 117 m de altura e depois mais uns 25 metros do próprio farol, feito de ferro fundido, protegido pelo cimento. As placas solares que fornecem a energia aos aparelhos são um pouco sujos por causa dos pássaros.

Os outros hóspedes do hotel, com quem partilhamos o espaço do pequeno-almoço são um casal de jovens, ele é hondurenho, ela é espanhola, mais uma senhora já idosa com aspecto de uma praticante de yoga indiana. Ela dorme no chão do terraço do hotel, o local onde come, toma o seu café e trabalha no computador portátil, digitando algo freneticamente e fazendo as buscas na Internet.

Uso as noites para comunicar com os amigos e a família na Internet, coloquei as primeiras fotos do nosso casamento neste blogue e no meu perfil do Facebook. Verifico que na Net ucraniana apareceram os primeiros artigos sobre o nosso casamento, tinha mandado o texto e algumas fotos para os amigos e para a comunicação social.

A ilha está cheia de corvos da Índia, também por vezes chamados de “ratos com asas”, eles se assemelham à uma praga, roubam os guardanapos nas mesas, tentam bicar a comida, etc. Dizem que depois de as autoridades começarem pagar 100 MT (?) por cada ovo do corvo, eles migraram para a vizinha Ilha dos Portugueses, onde agora fazem os ninhos. Não sei até que ponto isso é verdade, apenas sei que os ambientalistas são contra qualquer “impacto negativo” contra a natureza.

Em um dos dias, os nossos vizinhos durante o pequeno almoço eram um grupo de pessoas ligadas à Igreja Ortodoxa Grega, eles atiravam pão aos corvos e falavam sobre o proletariado. Não sei se era sobre os corvos, acredito que estes poderiam ser classificados de “lumpen – proletariado”, pois não produzem nada e vivem das “expropriações”...

Além dos corvos a Inhaca é rica em pássaros, por cima da piscina voam vários tipos de patos, garças, pardais. Também existem muitas libélulas. Os corvos muitas vezes ficam agressivos para com outros pássaros, um dia vimos como eles perseguiram a garça não a deixando de comer. Num outro dia, presenciamos a cena em que os corvos perseguiam um morcego, que provavelmente ferido, rastejava no chão com as suas asas. Era um morcego bem grande, que virava o seu focinho contra nós e chiava com ar ameaçador, no fim vimos que ele subiu a palmeira em segurança.

Um belo dia foi pela praia para visitar o museu da biologia marítima da UEM. Cansei de tanto andar, por fim subi a encosta e voltei para o hotel, ainda consegui arranjar a boleia de um dos tractores que fazia a recolha de garrafas vazias de refrigerantes. Creio que em 1h30 percorri cerca de 6 km, fiquei com os pés doridos durante dois ou três dias seguidos. Afinal, o hotel ficava a uma distância de apenas 150 – 200 metros do local onde eu subi a encosta. Como consolação, vi alguns pássaros, entre eles pelo menos um casal dos íbis, que devem ser os parentes dos corvos, pois emitem os sons nada melódicos. Senti que conheci melhor a ilha e também achei que falta a sinalização nas vias, medida que não custaria muito carro e que facilitava a vida dos turistas.

Continua...

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